Uma das principais bandeiras sempre defendidas pela Associação Médica Brasileira é a da qualidade no atendimento à população. E não há como fazer uma medicina séria e de qualidade com profissionais malformados, sejam eles egressos de escolas médicas brasileiras ou estrangeiras. Por isso é que os médicos foram contra o Programa Mais Médicos e outras tantas improvisações populistas e enganosas na área da saúde.
Qualquer tipo de “facilitação” no Revalida atingirá em cheio a credibilidade do exame e permitirá que médicos sem o devido preparo técnico possam atender a população. “Revalida Light” é um desserviço e um risco aos pacientes, além de representar um desperdício dos recursos públicos, pois médicos malformados geram mais custos e sobrecarregam o sistema como um todo.
Em praticamente todos os países onde a saúde é tratada de forma responsável, os médicos formados no exterior são avaliados para garantir um bom atendimento ao cidadão. Não podemos permitir que no Brasil seja diferente.
O Revalida não pode ser fragilizado. Pelo contrário, precisa ser a única forma legal de revalidação de diplomas estrangeiros na área da medicina. Atualmente, outras formas de revalidação permitem uma série de burlas e “atalhos” para os diplomados no exterior que não conseguiram ou não conseguiriam aprovação no Revalida. Com isso, conseguem se habilitar para atuar no País sem que sua real capacidade seja avaliada.
A AMB defende que todos os médicos, antes de começarem a atuar, sejam avaliados de forma padronizada, tanto para quem se formou no Brasil quanto para quem se formou no exterior, de tal forma que a população tenha a segurança de estar se tratando com um médico que realmente possua a competência técnica necessária para atendê-la. Historicamente, o Revalida é um exame com nível de dificuldade inferior ao praticado em outros países, portanto “flexibilizá-lo” é praticamente transformá-lo em placebo, sem efeito prático nenhum, coisa que nem o governo do PT teve coragem de fazer em sua sanha por aumentar de forma irresponsável a oferta de médicos à população.
Reportagem recente do jornal O Estado de S. Paulo trouxe uma informação preocupante para a classe médica e para a saúde dos brasileiros: o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, estaria procurando formas de mudar o Revalida para facilitar que médicos formados no exterior possam atuar no Brasil. Estamos solicitando audiência com o ministro para apresentar a posição da classe médica e reivindicar uma posição firme do Ministério da Saúde na defesa e manutenção do Revalida, seu fortalecimento, aperfeiçoamento e transformação na única forma de revalidação de diplomas de profissionais egressos de escolas médicas de fora do País.
Também estamos agendando audiência com o Ministério da Educação a fim de esclarecer os riscos de um “Revalida Light”, além de apresentar graves denúncias sobre irregularidades que vêm ocorrendo no processo de revalidação de diplomas de medicina nas universidades públicas.
Reiteramos que medicina de qualidade se faz com médicos bem formados, sejam eles egressos de escolas brasileiras ou do exterior. Qualquer coisa que subverta essa lógica é pirotecnia e tentativa de enganar a população. E será combatida tenazmente pela AMB.