O Diretor da Associação Bahiana de Medicina (ABM), Dr. Guilhardo Fontes, participou, no dia 20/03, no Hospital Especializado Octávio Mangabeira, da abertura do Simpósio Sobre Combate a Tuberculose O evento segue até o dia 30 de março, e conta com a participação de representantes de diversas instituições ligadas ao controle da doença. A Tuberculose juntamente com HIV são as infecções como maior índice de mortalidade no mundo. Hoje, dia 24 de março, é o Dia Mundial do Combate a Tuberculose, doença que continua sendo um grande problema de saúde pública.
São quase 10 milhões de novos casos por ano no mundo e 70 mil apenas no Brasil. A Bahia ocupa terceiro lugar em números de casos, perdendo apenas para São Paulo e Rio de Janeiro. São cinco mil novos casos no estado, com aproximadamente 400 mortes.
A transmissão da Tuberculose é feita pelo bacilo de Koch e por via respiratória (tosse, espirro, falar, cantar). Naturalmente é propagado em ambientes insalubres, pouco arejados e ventilados, a contaminação é muito maior, assim como em casas com poucos cômodos e com um grande número de pessoas. Os fatores de risco são a pobreza, saneamento básico, bairros muito populosos, grandes aglomerados, bairros periféricos, idade avançada, doenças crônicas como tabagismo, diabetes e DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica), além do uso de medicações que alteram o sistema imunológico.
O HIV é a doença mais relacionada à Tuberculose. Esta doença reduz o sistema imunológico favorecendo o surgimento da doença, assim como a tuberculose é uma importante causa de morte nestes pacientes. O diagnostico dá-se pela pesquisa do bacilo no escarro e cultura do escarro, que são realizados de graça nos postos de saúde, podendo variar de quadros assintomáticos, ao quadro clássico de febre no final da tarde, sudorese, emagrecimento, tosse seca ou com escarro amarelado e/ rajas de sangue, dor torácica, falta de apetite em muitos casos. Existe hoje o Teste Rápido Molecular em centros de referência para tratamento da tuberculose, que permite a identificação do bacilo em amostra do escarro em apenas duas horas, dando pista para possibilidade de tuberculose multirresistente.
Também chamada de “Doença do Peito”, a Tuberculose tem grande potencial de cura completa, até mesmo sem sequelas, quando se faz o diagnóstico precoce e sem abandonar o tratamento, que é gratuito e tem a duração de seis meses. A radiografia do tórax é de grande ajuda diagnóstica, na identificação e suspeita da tuberculose ativa, mesmo em indivíduos sem sintomas. Quando alguém é acometida pela doença, toda família deve ser examinada para avaliar contaminação (tuberculose latente), ou doença ativa em familiares e contactantes. Os pacientes após tratamento devem continuar com acompanhamento médico periódicos, para avaliar possibilidade de reativação da enfermidade.
Ainda há muito preconceito em relação a doença, o que acaba gerando ansiedade e depressão em muitos pacientes, dificultando sua cura e estimulando o abandono do tratamento. Sendo necessário, em muitos casos, o acompanhamento psicológico.
A tuberculose é um problema social de responsabilidade de todos. Os programas de controle da tuberculose no Brasil tem sido muito bom, mas certamente tem amplo espaço para melhorias. No Brasil, a média de tempo entre o início da doença e o começo do tratamento são 90 dias, tempo suficientes para disseminar a enfermidade. Uma pessoa não diagnosticada e tratada, pode, potencialmente, contaminar de 10 a 15 pessoas.
Neste Dia Mundial do Combate a Tuberculose nosso desafio é realizar um diagnóstico precoce, terapêutica efetiva e supervisionada, para evitar abandono e multirresistência, informação ampla e periódica sobre a doença, reduzir a taxa de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza. Quem tosse durante 15 dias deve procurar o posto médico para esclarecimento diagnóstico, pois pode ser importante arma para diagnóstico e terapêutica precoce da tuberculose e outra enfermidades respiratórias.