O Cosemba esclarece a afirmação do governador do Estado, Rui Costa, que justificou o custo elevado das equipes médicas participantes dos mutirões de saúde anunciados por ele na última segunda-feira (15.09), com a alegação de que os médicos não aceitariam valores inferiores e que esta seria a causa do acúmulo de pacientes na fila do SUS. Para tanto, o Cosemba se baseia em dados reais que demonstram a baixa remuneração dos médicos. Levantamento do CFM revela, por exemplo, que, nos últimos cinco anos, a rede pública de saúde perdeu 23.565 leitos de internação, a maioria para atendimentos de média complexidade. A razão disso é a baixa remuneração do médico e das equipes das unidades hospitalares.
“A iniciativa do mutirão é interessante pois diminui a fila dos atendimentos, e compreendemos que a responsabilidade pertence mais à esfera federal do que a estadual, mas não invalida o esclarecimento dos números que foram apresentados. O que a sociedade precisa é de uma saúde pública de qualidade com investimentos suficientes das esferas governamentais”, afirmou o presidente da ABM, Dr. Robson Moura.
Os valores citados pelo governador referentes aos atendimentos de média complexidade não correspondem à realidade. Com base em tabelas do SUS, em cirurgias de Histerectomia com anexectomia (uni/bilateral), são pagos R$511,90 (serviço hospitalar) e R$258,80 (aos profissionais). Já nas de Colecistectomia, R$447,16 (serviço hospitalar) e R$248,61 (profissional). No caso da cirurgia de hernioplastia inguinal/crural (unilateral), os serviços hospitalares são remunerados em menos de R$300,00 (R$298,55) e os profissionais, em R$146,96. Na hemorroidectomia, o serviço hospitalar é remunerado com R$191,10 e os profissionais, em R$124,84. A remuneração dos profissionais inclui os valores pagos ao cirurgião, primeiro auxiliar e anestesista.