O número de médicos cubanos que abandonaram o trabalho na Venezuela e viajaram para os Estados Unidos duplicou nos últimos doze meses, atingindo mais de 700, revelou nesta quinta-feira a ONG americana Solidariedade Sem Fronteiras (SSF). Entre setembro de 2013 e o mesmo mês de 2014, cerca de 1.100 médicos enviados por Havana para trabalhar em distintos países do mundo desertaram, sendo mais de 700 na Venezuela, disse Julio César Alfonso, presidente da SSF.
Até 2013, a média anual de deserções na Venezuela – onde atuam cerca de 30.000 médicos cubanos em programas sociais do governo – era de 300, segundo o presidente da SSF, entidade civil sediada em Miami. Alfonso destacou que as principais causas de deserções na Venezuela, de acordo com os próprios médicos cubanos que chegam aos Estados Unidos, são a grave crise econômica e a falta de segurança no país, onde morreram quase 70 médicos cubanos nos últimos anos.
"A situação é, de fato, muito difícil para eles. Trabalham até altas horas da noite e ganham muito pouco, porque o governo cubano lhes paga cerca de 10% do que recebe dos países beneficiados”, disse Alfonso. "Eles também são enviados para lugares ruins, sem segurança, aonde nenhum médico quer ir, e não apenas na Venezuela, isto é um padrão em todas as partes do mundo", completa.
Desde 2006, os Estados Unidos mantêm um programa que aceita no país os médicos cubanos enviados para trabalhar no exterior e, até o momento, já recebeu 8.000 destes profissionais, destaca a SSF.
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