Os médicos que trabalham nas unidades de saúde do estado, contratados pela Sesab através de vínculos precarizados (Pessoa Jurídica, cooperativas e Reda), estão mobilizados por melhorias nas condições de trabalho e denunciam também o constante atraso dos salários.
Na última sexta-feira (7), os obstetras e pediatras da Maternidade Albert Sabin iniciaram uma paralisação parcial, na modalidade operação padrão. Só atendem os casos considerados de maior gravidade, após triagem que fazem com as pacientes. Essa mobilização de alerta segue até o dia 10 e, caso a situação dos salários não seja regularizada, a paralisação será ampliada e por tempo indeterminado.
Os médicos com contratos precários estão sem receber salários desde agosto. A Sesab chegou a anunciar que pagaria no dia 31 de outubro, mas não o fez. Uma nova promessa foi feita para a quarta-feira passada, 5 de novembro, mas até agora ainda há muitos profissionais que estão sem salários.
Na noite de quinta (6), no Sindimed, uma assembleia discutiu as pendências enfrentadas por essa parcela da categoria. Ficou definido que a mobilização pelos direitos e condições de trabalho será intensificada, tendo como centro a luta por concurso público no estado. Os médicos entendem que os vínculos através de PJ e cooperativas têm que ser a exceção e não a regra, como acontece atualmente.
Como a data de pagamento dos salários de setembro está marcada para 15 de novembro, os médicos marcaram uma nova assembleia para o dia 18, às 19h, no Sindimed, quando voltam a avaliar essa precariedade com que a Sesab vem tratando os profissionais. Caso os atrasos continuem, a perspectiva é de que esses profissionais façam uma paralisação em todas as unidades de saúde onde atuam.
Problema crônico
O atraso no pagamento dos médicos com vínculos precários é crônico e ocorre desde a implantação desta forma de contratação. Os profissionais recebem, na melhor das hipoteses, com 40 dias de atraso. A justificativa, segundo o governo, é a necessidade de conferência e validação das guias de atendimento individualmente que são feitas tanto na unidade hospitalar quanto na SESAB. Esta seria uma exigência do Tribunal de Contas do Estado. Para o vice-presidente do Sindimed, Luiz Américo, associam-se a esses fatores a falta de planejamento e capacidade administrativa do Estado. "Este desrespeito vem se repetindo todo ano. O resultado é a alta rotatividade de profissionais e escalas desfalcadas. A única forma de se corrigir é através de concurso público", afirmou Américo.