Durante a Mesa redonda sobre Transplante de Medula Óssea, realizada na tarde de sábado (27.09), o diretor do Hospital das Clínicas e hematologista Marco Aurélio Salvino explicou os princípios do transplante de medula óssea, um dos únicos que o doador faz em vida. E disse que não se trata de um procedimento invasivo de grande complexidade. Citou ainda as patologias potencialmente tratadas com o transplante. Falou dos bancos de registros de doadores que existem no País, como o Renome. “É o terceiro maior banco de registros do mundo. Precisa agora só ampliar a sua diversidade de etnias dentro do banco”. Ao final, citou as fontes de células- tronco: a medula óssea, sangue periférico e cordão umbilical. Foram feitas ainda discussões sobre Transplante de Tecidos, que reuniu especialistas baianos nas áreas de córnea, células-tronco e músculo-esquelético.
Outros debates também enriqueceram o Congresso. Baseado no tema “Experiência de transplante de Fígado na Bahia”, o cirurgião do aparelho digestivo que compõe a equipe cirúrgica de fígado no Estado, Dr. Eduardo Vianna, falou sobre a história do transplante na Bahia, e contou que, em 31 de maio de 2000, no Hospital Português, foi realizado o primeiro transplante de fígado em território baiano. “Infelizmente o primeiro caso não obteve sucesso, o paciente faleceu no segundo dia pós-operatório por choque hemorrágico. Mas isso não nos desanimou, funcionou como estímulo para o nosso aprimoramento. Em 2000, houve outro caso que deu certo”. Para ele, trata-se da solução ideal para a doença hepática terminal, contribuindo e muito para a qualidade de vida do paciente. “Depois esse transplante começou a ser feito também no Hospital São Rafael”.
Vianna falou dos entraves para os transplantes na Bahia, por conta da notificação. Para ele, estão entre as causas de subnotificação: educação médica no conceito de morte encefálica e diagnóstico, número inadequado de leitos de UTIs para diagnóstico e manutenção do doador. ; impossibilidade da unidade hospitalar de fazer a retirada do órgão, além da dúvida da família em relação à morte encefálica e o desconhecimento dos familiares sobre a opinião do doador. Contam ainda, segundo ele, questões religiosas, entrevista inadequada, entre outras.
Na Mesa Redonda “Transplante de Rim”, Dra. Carolina Lara Neves, da equipe de Transplantes do Hospital Ana Nery, falou sobre a escolha do candidato. “Tentamos conjugar o doador a um receptor que seja o mais compatível clinicamente. Isso vai impactar na função do enxerto”. Descreveu critérios de doadores e destacou a importância do preenchimento do formulário do doador.
Em seguida o coordenador de Transplantes da Santa Casa de Porto Alegre, Dr. Valter Duro Garcia, explicou as características do doador ideal para o rim e as recomendações para o aproveitamento adequado de órgãos. E afirmou que o transplante de pâncreas (transplante combinado pâncreas-rim) não serve para salvar a vida, mas melhorar a qualidade de vida do paciente.