Um grupo de médicos baianos, entre eles representantes de entidades médicas e instituições de ensino, participaram de um debate realizado na última segunda-feira (22.09), na ABM, sobre a quantidade de alunos e formação nas Faculdades de Medicina. O palestrante foi o professor Dr. Roberto Figueira Santos, cuja exposição foi seguida de contrapontos das diretoras da Escola Bahiana de Medicina, Dra. Maria Luisa Soliani, e da Famed/UFBA, Dra. Lorene Pinto. Após as apresentações, o espaço foi aberto a perguntas e debate.
O Presidente da ABM e criador da iniciativa, Dr. Antonio Carlos Vieira Lopes, abriu o evento, questionando o que vem sendo divulgado pelo Governo federal: que pretende formar mais 200 mil médicos em curto espaço de tempo, com a criação de diversos cursos de Medicina no País. “O que se está pretendendo? Derramar médicos sem uma formação adequada? Onde serão encontrados os professores? Em que hospitais serão treinados os alunos? Como fazer para enviá-los aos locais carentes de médicos? Estimam a formação de doze mil médicos por ano, mas que tipo de formação é essa?”, alertou.
Em seguida, o Prof. Dr. Roberto Santos traçou um histórico sobre diretrizes, inclusive internacionais, de formação dos médicos; condições necessárias para a formação dos alunos e como isso afeta a qualidade da atenção dada à população. “Temos ainda o Mais Médicos, cujos diversos pontos parecem bem confusos”, disse, e citou exemplos. “Sou contra a importação de médicos sem a Revalidação do diploma”, completou.
A professora Dra. Maria Luisa Soliani compartilhou com o grupo suas reflexões sobre a formação dos alunos nas escolas de Medicina e citou que, em algumas escolas brasileiras, mudanças importantes ainda não começaram. “Lá na escola, fizemos com que o aluno pensasse nos problemas de saúde da população, aprendesse Medicina de forma mais contextualizada. Com o contato mais cedo com o paciente, o aluno é preparado para prevenir e não focar nas doenças”.
Quem encerrou as exposições foi a Professora Dra. Lorene Pinto, que fez uma reflexão sobre como alcançar mais investimentos na Saúde, o efetivo atendimento universal à população, entre outros pontos. Ela defendeu ainda que o que define a quantidade de médicos que um País precisa é seu modelo de Saúde e destacou a importância da qualificação dos espaços de cuidado. “Com isso, conseguimos intensificar a atenção primária, o que leva o paciente a procurar menos os especialistas”.
O coordenador do debate foi Dr. Jecé Brandão, representante do Conselho Federal de Medicina na Bahia. Este foi o último evento no ano da série “O que precisamos saber”. Figuras notáveis da comunidade foram convidadas para prestar esclarecimentos sobre assuntos controversos e de interesse dos médicos e da comunidade. As apresentações foram seguidas de debates livres, sob a coordenação de um representante das entidades médicas.
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