A diretoria da ABM se indigna e coloca-se à disposição de médicos e de toda a sociedade para contribuir nas discussões e solução da crise que vivencia o Hospital Espanhol. "O fechamento do Hospital Espanhol é apenas mais um reflexo da crise e falta de investimentos e de atenção do poder público à saúde da população baiana. Estamos falando de um Hospital que significa um marco na saúde da Bahia, que formou tantos profissionais da área da Saúde, gerou tantos empregos, e não pode terminar sua história dessa forma”, afirma o vice-presidente da ABM, Dr. Robson Moura. Para ele, quem sofre mais é a população. “E, nós médicos, que estamos ao lado dos pacientes”, acrescenta.
Na tarde desta quarta-feira (10.09), uma reunião na sede do Ministério Público do Estado (MPE), com representantes das promotorias de Saúde e de Direito do Consumidor, das secretarias de Saúde do estado e do município, além da direção do Espanhol e representantes de entidades médicas vai tentar solucionar a crise financeira.
A liberação de mais pacientes do Hospital Espanhol na manhã de terça-feira (09.09) praticamente encerrou o atendimento na unidade de saúde. Existem agora somente dois pacientes internados. Segundo o diretor do corpo clínico do hospital, Djean Amorim, com o fim das atividades, Salvador e a Bahia perdem 270 leitos, incluindo 60 de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Adulto e 12 de UTIs neonatais.
O único setor que, apesar de já ter sido atingido, ainda se mantém funcionando é o de hemodiálise, que atende mais de cem pacientes.
Um dos responsáveis pelo Serviço de Cirurgia Vascular, Dr. Cesar Amorim, lamenta o que está acontecendo com a unidade hospitalar. “É muito triste ver a melhor sala de Hemodinâmica da Bahia, por exemplo, fechar. Eram três turnos na Hemodiálise e os pacientes do noturno já foram transferidos. O Estado também perde com procedimentos de cateterismo, angiologia, etc, que deixarão de ser realizados”, diz o médico, que iniciou suas atividades como estudante no Hospital e, desde que se formou, atua na unidade há 24 anos.
Em 2013, um acordo entre o Estado (Desenbahia), a Caixa Econômica Federal e o Hospital Espanhol estabeleceu um plano de reestruturação financeira para salvar a unidade, mas a situação não foi resolvida. Dos R$ 107,6 milhões, o hospital recebeu R$ 82 milhões e ficou impedido de receber o restante por critérios exigidos pela Caixa. Funcionários continuam sem receber salários.