No contexto atual de crise na saúde pública no Brasil, especialmente, no estado da Bahia, em razão da omissão do poder público em questões cruciais, tais como a precariedade das condições de infraestrutura física e humana para adequado atendimento nas unidades, falta de segurança, insuficiência de materiais e insumos, o Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia - CREMEB, que vem enfrentando com ativismo frequentes embates em prol da valorização da saúde e da dignidade da profissão médica, se deparou com inconsistências em afirmações do ex-secretário de saúde do estado da Bahia, Jorge Solla.
A fim de justificar a implementação dos pontos digitais nas unidades de saúde, o secretário fez graves denúncias sobre o não comparecimento de alguns médicos aos seus postos de atuação. Declarações de Solla à imprensa apontaram índices de absenteísmo nos Hospitais Manoel Vitorino, Clériston Andrade e Maternidade Tsylla Balbino.
Ao tomar conhecimento das denúncias, o presidente do Cremeb, Cons. José Abelardo de Meneses, solicitou esclarecimentos aos gestores dos respectivos hospitais. E, ao receber as respostas, constatou algumas incoerências entre os números apresentados pela Sesab e a realidade relatada pelos gestores de duas, das três unidades acusadas. O único hospital que não contrapôs os números apresentados foi o Clériston Andrade, mas a sua diretoria informou que o ForPonto (controle eletrônico de presença) já havia sido instalado e funcionava normalmente.
Viviane Santiago, diretora técnica da Maternidade Tsylla Balbino no referido período, informou que todos os 22 médicos escalados para o plantão do dia em que ocorreu a visita estavam presentes, com uma única exceção por motivo de férias. Desta forma, a diretora considerou ?equivocadas? as declarações do secretário que incluiu o nome da maternidade, enquanto a instituição funcionava com a plenitude do seu corpo de funcionários médicos.
A informação do índice de absenteísmo divulgada pelo secretário Solla referente ao Hospital Manoel Vitorino (24,2%), também apresentou discrepância com os números fornecidos pela sua diretoria. A diretora técnica Cristina Noronha, informou através de ofício em resposta ao Cremeb, que dos 24,2% dos profissionais citados por Jorge Solla, apenas 13% eram médicos.
“Dentre os médicos, três realmente estavam ausentes e tiveram sua falta em folha de ponto. Os demais estavam em férias, licença prêmio, licença médica ou eram interconsultores ou coordenadores (...). Portanto temos um total de absenteísmo de aproximadamente 4% entre os profissionais médicos?, esclarece a diretora em ofício, avisando ter enviado tais informações para a Sesab.
Em um dos encontros das entidades médicas com o governo estadual para discussão sobre o PCCV, o presidente do Cremeb, José Abelardo de Meneses, fez duras críticas a esse comportamento do ex-secretário Jorge Solla. Na ocasião, pontuou que se tratava de medida midiática sem resultado prático algum, porque, inclusive, os acordos, que geram falsas ausências aos plantões, eram de conhecimento irrestrito. Na reunião estavam presentes os então Secretários da Saúde (Jorge Solla) e da Administração (Manoel Vitório) e o Procurador Geral do Estado, Rui Moraes Cruz, além do presidente da ABM, Antônio Carlos Vieira Lopes, e do presidente do Sindimed, Francisco Magalhães.