O assassinato de um paciente dentro da enfermaria em pós-operatório no Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA), em Feira de Santana, neste final de semana, dia 12/04, denuncia de forma brutal a falta de segurança nas unidades de saúde. Situação que o Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb) e demais entidades médicas têm relatado para as autoridades com frequência, mas nenhuma atitude concreta foi feita até o momento. Os médicos do HGCA, inclusive, estão mobilizados há cerca de dois meses por melhores condições de trabalho.
O Cremeb espera que diante dos fatos o governo possa acelerar a implantação de medidas que visem conter a falta de segurança gritante nas unidades de saúde. Nesta segunda-feira, dia 14/04, o Conselho envia ofício para autoridades como a Secretaria de Segurança Pública (SSP), Secretarias Estadual e Municipal de Saúde e Ministério Público, cobrando uma ação nesse sentido. Em 14/03 deste ano, o Cremeb também encaminhou documento solicitando empenho para SSP e Secretaria de Saúde de Salvador em relação a este assunto.
Em agosto de 2012, o presidente do Cremeb, Cons. José Abelardo de Meneses, participou de uma audiência com o Secretário de Segurança Pública, Maurício Barbosa, junto com representantes da ABM e Sindimed, para discutir medidas de segurança nas Unidades de Urgência e Emergência de Salvador. Na ocasião, as entidades entregaram um dossiê com relatos de casos de violência e manifestaram preocupação com o crescimento das ocorrências e afastamento de médicos de suas funções, devido à insegurança em seus postos de trabalho.
O secretário Maurício Barbosa propôs fazer uma parceria com o município, para desenvolver um projeto de segurança conjunta. Mas, as entidades não receberam nenhum encaminhamento. “O ocorrido no Hospital Clériston Andrade é uma prova inequívoca da falência do Estado, como instituição que deveria garantir a segurança dos pacientes internados, dos acompanhantes e dos servidores. Esse é um episódio com enredo dramático de uma ação sangrenta podendo ser rotulada como mais uma crônica de uma morte anunciada. Esperamos que haja uma atitude governamental com urgência”, pontuou Cons. José Abelardo.
O HGCA passa também por outras dificuldades como falta de infraestrutura e condições de trabalho. O estado crítico do hospital é objeto de dois inquéritos civis públicos instaurados no Ministério Público Federal. O quadro reduzido de profissionais, a carência de leitos e de equipamentos afeta a prestação de um serviço público de saúde com qualidade e eficiência, prejudicando os pacientes que procuram a unidade.