William José Bicalho Hastenreiter Paulo, inscrito para falar como participante do programa, classificou o Mais Médicos de eleitoreiro, disse que a tutoria recebida do governo é precária, criticou a ausência de direitos trabalhistas e afirmou que, ao trazer médicos de fora, o governo pretende evitar críticas sobre a precariedade da saúde pública.
O Supremo convocou audiência pública para ouvir governo, entidades e interessados sobre o Mais Médicos, objeto de duas ações diretas de insconstitucionalidade a serem analisadas pelo tribunal.
Paulo foi o último a falar no primeiro dos dois dias de audiência. Antes dele falaram os ministros Alexandre Padilha (Saúde) e Luís Inácio Adams (AGU), representantes do Ministério público, de entidades médicas e de outras esferas de governo, além de parlamentares.
O Ministério da Saúde confirmou que Paulo é médico brasileiro, com inscrição ativa no programa e atuação na cidade de Itaboraí (RJ), desde a primeira rodada do Mais Médicos.
"O objetivo real do Mais Médicos é eleitoreiro. Um marqueteiro, João Santana, já fez o mesmo na Venezuela. Na época, Hugo Chavez estava perdendo as eleições, e ele trouxe 35 mil médicos cubanos e sanitaristas", relatou Paulo. Pouco depois, Paulo lembrou a potencial candidatura do ministro Padilha, pelo PT, ao governo de São Paulo.
O médico fez críticas ao fato de não ter todos os direitos trabalhistas previstos em lei. E questionou o modelo de supervisão oferecido pelo programa. "Tive a visita de um tutor ate agora, para saber quantos pacientes eu atendo por dia. Se isso for um tutor...", criticou.
Paulo afirmou que colegas médicos brasileiros têm tido dificuldade de se inscrever no programa. E que têm sido informados, pelo próprio Ministério da Saúde, que a prioridade será dada aos estrangeiros --diferentemente do que prevê a lei que rege o Mais Médicos.
Apesar das críticas, o médico disse acreditar no programa. "Com determinadas alterações, ele pode se mostrar muito mais atrativo."
Ao encerrar, Paulo afirmou que espera não sofrer perseguições após sua fala no STF. Em seguida, o ministro do Supremo Marco Aurélio Mello, relator das duas ações contra o Mais Médicos, repetiu o desejo de que não haja retaliações contra o integrante do programa.
Com informações do jornal Folha de S.Paulo