O canteiro central da Av. Centenário, em frente ao Shopping Barra foi ocupado pelos médicos soteropolitanos, que durante toda a tarde desta quarta (31) fizeram atendimentos básicos à população, como medição de pressão arterial, nível de glicose, exames oftalmológicos, orientações nas áreas de angiologia, gastroenterologia, dermatologia, urologia, pneumologia e outras especialidades médicas.
No contato com a população, os médicos aproveitaram para informar sobre os prejuízos que podem decorrer da Medida Provisória 621, que instituiu o programa Mais Médicos, do governo federal, que prevê a importação de médicos estrangeiros sem revalidação de diploma (Revalida) e prolonga o templo de permanência dos estudantes nos cursos de medicina, sem qualquer base legal ou de bom senso, que justifique as medidas e sem discutir o assunto com a sociedade.
Nesta quinta, a partir das 9h, prossegue o debate promovido pelo Ministério Público da Bahia, na sua sede no bairro de Nazaré, sob a coordenação do promotor Rogério Queiroz, com a presença do secretário de Saúde do Estado, Jorge Solla e os presidentes das entidades médicas (ABM, Cremeb e Sindimed), respectivamente Antonio Carlos Vieira Lopes, Abelardo Meneses e Francisco Magalhães.
A exposição fotográfica “Varal da Vergonha”, retratando o quadro dramático da precariedade das instalações nas unidades de saúde da Bahia – que causam sofrimento aos usuários e não oferecem condições de trabalho aos médicos -, volta ao Hal de entrada do auditório do Ministério Público, após integrar a manifestação na Av. Centenário.
O médico Frederico Foappel, que participou pela primeira vez das manifestações, acha que a mobilização é válida. "Não estamos lutando só pelo interesse dos médicos, mas pelo SUS, em favor de uma saúde de qualidade para a população".
Para David de Oliveira, estudante do 6° período de medicina da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), em Ilhéus, o aumento da graduação de seis para oito anos é uma medida autoritária que desconsidera a constituição. Esse aumento prejudicaria não só o tempo de estudo, como aumentaria muito os custos, principalmente para estudantes carentes, além de não acrescentar muita coisa. Ainda de acordo com ele, através do programa Mais Médicos, o Governo tenta colocar a culpa dos problemas da saúde no médico. "Colocar todas as mazelas no médico é mais fácil, mas o problema não é esse. Faltam condições de trabalho, falta liberação de recursos e falta gestão" completa.
Apoio da população
A cozinheira Maria José do Bispo, de 66 anos, que participou da feira de saúde, achou excelente a iniciativa dos médicos e disse também que é contra a vinda de médicos estrangeiros. "Temos que valorizar os médicos daqui. A saúde está péssima porque não temos atendimento adequado, muita gente está morrendo nos hospitais, isso precisa acabar e a culpa não é do médico", concluiu.