Como se não bastassem a desvalorização profissional, os baixos salários, vínculos precários e as degradantes condições de trabalhos as quais estão submetidos os médicos baianos, o governo municipal afirmou, publicamente, na edição de segunda-feira do Jornal A Tarde, haver falta de médicos no Programa de Saúde da Família (PSF) e esquema de recebimento por trabalhos não realizados. Segundo o Município esses são os motivos que levaram à mudança da jornada de trabalho dos médicos do PSF que agora, além de 40h semanais, os profissionais poderão cumprir 20h ou 30h, com remuneração reduzida.
A realidade é outra, e é preciso que se diga de onde vem a falta de profissionais no programa. Salvador tem 10% de cobertura do PSF e, mesmo assim, com equipes desfalcadas, porque os médicos não aceitam trabalhar nas condições oferecidas pelo governo. Os concursos são feitos, porém não são aderidos pelos profissionais por não se submeterem a este descaso e valorizarem a sua categoria. Sobre isto, o Sindimed decidiu não impugnar o concurso, por considerar esta atitude enfraquecedora da ordem pública, do ponto de vista de mídia. E quanto à jornada exigida pelo PSF? Importante ressaltar que a carga horária legal do médico é de 20h semanais, e não 40h como é estabelecido.
De acordo com o presidente do Sindimed, José Caires Meira, é preciso que o governo crie carreira específica para o médico do PSF ou, do contrário, estará na ilegalidade. Caires ainda afirma que, para tentar driblar este impasse, o gestor cria extensão de jornada, conforme reforma do PCS e, ainda tentando mascarar, fala em redução de jornada. “Como a Procuradoria aceitou isto? Será que a ilegalidade é a regra?”, questiona o presidente do Sindimed.